- E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles.
- E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos,
- A dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
- E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
- Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
- E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim.
- E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento?
- Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis.
- Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta;
- Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, Que preparará diante de ti o teu caminho.
- Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
- E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele.
- Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.
- E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
- Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
- Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros,
- E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.
- Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
- Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.
- Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo:
- Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza.
- Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós.
- E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
- Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.
- Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
- Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.
- Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
- Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
- Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
- Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
Após terminar as instruções aos doze discípulos, o Salvador continua sua pregação, mandando os discípulos de João Batista avisá-lo das coisas que Ele fazia e dizia, pois João estava preso. Quando eles se vão, Jesus dá seu testemunho a respeito de João Batista, sendo simples e pobre era o maior entre os homens. Mostra como os valores para o Criador são diferentes dos humanos, que sempre preferiram status, dinheiro, poder e aparência.
O versículo 12 deste capítulo é muito utilizado por algumas instituições atualmente para passar a idéia de que os homens precisam se esforçar para se apoderarem do Reino de Deus. Isso é um absurdo enorme. Primeiro que estaria totalmente fora do contexto do capítulo e de todo Evangelho. Do capítulo porque Jesus está refutando os valores dos fariseus, que debochavam de João Batista e o acusavam de blasfêmia. Do Evangelho porque é o Evangelho da Graça, do Amor. Como um Evangelho que prega a Graça iria exigir algum tipo de esforço (como uma vida dentro da ditadura evangélica atualmente)? O sentido original, e que tem haver com o contexto, é o de violência e não de esforço. Homens violentos, mercenários, interessados no poder e dinheiro, fizeram violência ao Reino, tomaram para si o direito de dizer quem entraria ou não Nele. Os líderes religiosos fazem isso até hoje... Ainda, um pouco mais a frente, vai ser falado, por Jesus, que eles tornam seus discípulos duas vezes mais filhos do Diabo do que do Criador, pois não pregam o amor ao próximo, mas o julgo e a acusação, com muita hipocrisia e mentira.
A sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham. Ou seja, a questão está na qualidade dos frutos. Os pastores dos muitos templos de hoje em dia, que se dizem sábios, produzem bons frutos? Amam o próximo? Ou selecionam e preferem o que tem dinheiro ou algo a oferecer, menosprezando o necessitado ou roubando-lhe mais ainda? Esses discípulos enganados não amadurecem nunca, a não ser pela vontade de Deus, pois nunca lhes foi pregado o Evangelho da Graça e do Amor, sem necessidade de sacrifícios e submissão a líderes humanos e falhos. O único Bom Pastor é Jesus, aqui somos todos irmãos e não temos direito de julgar o comportamento de ninguém, pois todos somos pecadores e por todo tempo. Se alguém afirma não estar em pecado, chama Deus de mentiroso 1 João 1:10.
Continuando, o Salvador adverte e repreende as cidades que viram os milagres, escutaram as “Boas Novas” e, mesmo assim, não creram. As coloca em posição inferior a Sodoma, destruída pela falta de amor ao próximo (livro de Joel).
Ele agradece, ao Criador, por ter se revelado somente aos simples e humildes, não aos senhores da Lei e “sábios”. Chama a todos os cansados e oprimidos, pelo julgo dos fariseus, o sigam, pois seu mandamento não é pesado e cheio de julgo como a Lei de Moisés. Repare bem que é para ir a Ele, direto, não aos sacerdotes, ou, ainda, aos descendentes dos fariseus de hoje em dia.